26/09/2014

Espaços no centro da cidade ganham intervenções urbanas temporárias

Apesar de provisórias, transformações dos espaços públicos permitirão que os cidadãos vivenciem as mudanças imaginadas para longo prazo e participem das discussões em torno de alternativas urbanísticas para a área central



O largo São Francisco e a Praça do Ouvidor, no centro da cidade, estão de cara nova. A partir desta sexta-feira (26), quem passar pelo local poderá se apropriar dele, vivenciando transformações urbanísticas projetadas por técnicos e opinando diretamente sobre o impacto delas. Neste sábado (27), o Largo do Paissandu, também no centro, receberá uma intervenção semelhante. As iniciativas integram o projeto Centro Aberto, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, que contou com a consultoria do escritório dinamarquês Gehl Architects.

Na tarde de hoje, o prefeito Fernando Haddad esteve no Largo São Francisco para conhecer as intervenções realizadas na região. “São Paulo tem milhares de espaços como esses, que deveriam estar sendo utilizados para o convívio das pessoas. A gente tem que aprender a olhar para a cidade diferentemente. Olhávamos pra cá como um problema. A Praça do Ouvidor era um problema para a cidade, e não é mais”, afirmou Haddad, destacando que a ocupação no local foi realizada de forma harmônica.

Há aproximadamente dois anos, a Praça do Ouvidor era ocupada por barracos, cujos ocupantes foram acolhidos em ações da Prefeitura. “Aumentamos neste período em 26% o número de vagas [de acolhimento], não apenas em albergues, porque nem todo mundo se adapta às regras dos albergues, mas também abrimos novas modalidades de alojamento. Buscamos nos adaptar às condições das pessoas, de acordo com o perfil [de cada] beneficiário”, completou.

Ao longo de dois meses, os largos São Francisco e do Paissandu vão receber intervenções temporárias como faixas de pedestre novas, paraciclos, compartilhamento de bicicletas e banheiros públicos. Os espaços também terão bancos em muretas e canteiros, decks de madeira com guarda-sol e cadeiras de praia, equipamentos de lazer e ginástica, além de programação cultural que inclui feirinha gastronômica, shows, projeções de cinema e vídeo e karaokê.

Estudante da faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, localizada no Largo São Francisco, Diego Pandulto aproveitou a oportunidade para almoçar ao ar livre. “Esse espaço ficou bem bonito, mas acho que o mais interessante disso tudo é voltarmos a ocupar os espaços públicos da cidade. Este será mais um local onde as pessoas poderão conviver e interagir”, disse.

A arquiteta Marilena Fajersztajn, da São Paulo Urbanismo, aproveitou o seu horário de almoço e foi conhecer as intervenções ali postas. “Isso é muito legal. É um espaço bonito, alegre, que certamente vai trazer um novo ânimo para o centro”, afirmou.

Os projetos buscam a construção de novos espaços públicos e a transformação das estruturas preexistentes na área central, renovando as formas de uso e potencializando o seu domínio público. A ideia é propor e testar soluções de mobilidade e convivência, antes de fazer reformas estruturais permanentes.

“A gente quer ensaiar outras formas de uso do espaço público. Temos uma série de projetos que tenta justamente isso, testar – algo que é muito difícil no âmbito do urbanismo -, em escala real, como podemos usar a cidade de outra forma, de uma maneira que ela possa ser muito mais divertida”, afirmou o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, ressaltando que as intervenções têm sido feitas de forma colaborativa. “Vamos monitorar quais são as virtudes e os conflitos do uso aqui para que, depois de dois meses, mais uma vez junto à população, tomemos uma decisão [sobre o que pode se tornar permanente]”, disse.
Centro Aberto
O Centro Aberto dá vida aos projetos discutidos ao longo do ano passado por entidades da sociedade civil com atuação no centro, arquitetos, urbanistas, estudantes e diversos órgãos da administração municipal. Foram três workshops realizados nos meses de abril, agosto e novembro de 2013, que viabilizaram a seleção desses dos pilotos.

A proposta vai ao encontro da construção coletiva de instrumentos para qualificação dos espaços públicos da área central. Durante todo o período de implantação, serão realizadas conversas com a população local e interessados em geral, em um canal aberto para o diálogo entre sociedade civil, técnicos e gestores urbanos. Dessa forma, os projetos piloto que serão apresentados buscarão experimentar estratégias, validando-as com a população. Se os resultados forem positivos, as ações empregadas em fase experimental poderão se transformar em ações permanentes, baseadas na aceitação pública.

A SMDU terá uma programação específica para cada um dos locais ao longo dos dois meses. Este programa, entretanto, será intercalado com momentos livres, justamente para que haja manifestações espontâneas por parte da população. Por conta da chuva, os eventos programados para a tarde e a noite desta sexta no Largo São Francisco foram adiados. Uma nova data será divulgada em breve.

Também estiveram presentes na inauguração do espaço a vice-prefeita Nádia Campeão, a primeira-dama e coordenadora do programa São Paulo Carinhosa, Ana Estela Haddad, o subprefeito da Sé, Alcides Amazonas, e os secretários municipais Chico Macena (Governo), Rogério Sottili (Direitos Humanos e Cidadania), Leda Paulani (Planejamento), Nunzio Briguglio (Comunicação), Roberto Porto (Segurança Urbana), Luciana Temer (Assistência e Desenvolvimento Social), Rogério Sottili (Direitos Humanos e Cidadania), Ricardo Teixeira (Coordenação das Subprefeituras), Jilmar Tatto (Transportes), Leonardo Barchini (Relações Internacionais e Federativas).

Fonte: SECOM