15/04/2025

Presença feminina nos nomes de ruas em São Paulo cresce nos últimos cinco anos

Estudo da Prefeitura de São Paulo mostra avanço na representatividade de mulheres nos logradouros da capital



Nomear uma rua pode parecer apenas um gesto burocrático, mas vai muito além disso: é um ato simbólico que confere visibilidade a pessoas que marcaram a história, a cultura e o desenvolvimento de uma cidade. Em São Paulo, essa prática tem revelado avanços importantes no reconhecimento das mulheres, sobretudo, nos últimos cinco anos. 

O novo Informe Urbano, divulgado pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), aponta que, entre janeiro de 2020 e março de 2025, a presença de nomes femininos nos novos logradouros – ruas, praças, avenidas, passarelas, viadutos e pontes – cresceu em comparação com os dados históricos da cidade. No período, 660 vias receberam novas denominações oficiais. Dessas, 441 homenageiam pessoas: 72% com nomes masculinos e 28% com nomes femininos. 

Embora os números ainda revelem uma disparidade, o crescimento representa um avanço. Atualmente, dos cerca de 65 mil logradouros existentes na cidade – entre oficiais e não oficiais – mais de 44 mil têm nomes de pessoas. Desses, 84% são nomes masculinos e apenas 16% femininos. Isso significa que, para cada mulher homenageada, há aproximadamente cinco homens que são lembrados. 

 

A desigualdade é ainda mais evidente quando se observa os logradouros considerados “mais importantes”, como pontes, viadutos e avenidas. Por exemplo, enquanto 77 viadutos levam nomes masculinos, apenas 10 prestam tributo a mulheres. 

O estudo também identificou padrões reveladores nos títulos utilizados. Entre os nomes masculinos, predominam títulos profissionais, como “Doutor” (1.467) e “Professor” (744). Já entre os nomes femininos, os títulos mais comuns são religiosos e domésticos, como “Santa” (348) e “Dona” (179). 

A promoção da igualdade de gênero é uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, adotada como diretriz pela cidade de São Paulo. Promover avanços nesse campo – inclusive na nomeação de logradouros – é fundamental para fortalecer a representatividade, a memória coletiva e a construção de uma cidade mais inclusiva. 

Como é feita a nomeação de logradouros na cidade de São Paulo? 

A Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) analisa solicitações de denominação de ruas, praças, avenidas, passarelas, viadutos e pontes na cidade de São Paulo. As propostas podem ser apresentadas por vereadores, outras secretarias municipais, associações de moradores ou munícipes em geral.  

As vias públicas podem ser nomeadas de duas formas: por Decreto Municipal ou por Projeto de Lei. Em ambos os casos, o processo inclui a avaliação da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), que verifica o mérito das propostas, especialmente em casos de homenagens. Essa análise considera o histórico do nome sugerido, além de possíveis impedimentos relacionados à ficha limpa ou violações de direitos humanos.  

Informes Urbanos 

Os Informes Urbanos são estudos sobre temas de interesse para o desenvolvimento de São Paulo. As análises são elaboradas sobre dados demográficos, sociais, econômicos e de uso do solo, sempre sob a ótica da dimensão territorial, ou seja, da manifestação desses temas no espaço urbano. Confira aqui todos os informes produzidos