13/11/2023
II Semana Mundial do Urbanismo apresenta diferentes perspectivas para questões complexas do planejamento urbano de SP
Evento realizado pela SP Urbanismo envolveu o poder público e a sociedade civil para discutir os desafios da construção de cidades mais democráticas e sustentáveis
Para refletir sobre a construção de cidades mais democráticas e sustentáveis sob a perspectiva da “Renovação, Inovação e Inclusão”, a Prefeitura de São Paulo, por meio da SP Urbanismo, realizou, entre 8 e 10 de novembro, a II Semana Mundial do Urbanismo. Em homenagem ao Dia Mundial do Urbanismo (08/11), o seminário cumpriu seu objetivo ao promover debates sobre aspectos fundamentais da construção coletiva de cidades, como a mitigação da vulnerabilidade social, as iniciativas em curso na gestão pública e o combate às mudanças climáticas.
O evento reuniu um time qualificado de técnicos da Prefeitura, mais de dez profissionais das principais universidades e instituições de São Paulo e um público de cerca de 200 pessoas.
Para um desenvolvimento estratégico, foram discutidos, por exemplo, o papel do transporte no planejamento urbano e os efeitos econômicos de um crescimento desordenado. Qual a capacidade de um trabalhador médio morar no distrito em que ele trabalha em São Paulo? Quais as dificuldades da gestão pública em prover uma mobilidade adequada? Essas foram algumas das provocações colocadas em debate sobre essa temática.
No enfrentamento às alterações climáticas, exemplos de boas práticas na redução de emissões de carbono pelo mundo se somaram a debates sobre a busca de justiça climática nas comunidades mais vulneráveis e a ocupação urbana em tempos de aquecimento global.
O instrumento do Urbanismo Social também esteve presente e conduziu análises sobre a transformação de territórios vulneráveis e o papel da gestão participativa na construção de cidades mais justas e democráticas.
Ao final do evento, uma Carta Aberta, elaborada pela SP Urbanismo, foi apresentada com os principais pontos de debate para encerrar a II Semana Mundial do Urbanismo.
Confira abaixo o que de melhor aconteceu!
Público acompanhou o primeiro dia de evento da II Semana Mundial do Urbanismo. Foto: ASCOM
08 DE NOVEMBRO
Abertura
A abertura do seminário foi realizada no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, na Vila Mariana. Participaram Cesar Azevedo (presidente da São Paulo Urbanismo), José Armênio de Brito Cruz (secretário em exercício de Urbanismo e Licenciamento), Waldir Agnello (diretor administrativo e financeiro da SP Urbanismo) e Prof. Dr. Francisco Starke (pró-reitor administrativo e da qualidade do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo).
O presidente da SP Urbanismo celebrou mais uma edição da Semana Mundial do Urbanismo e aproveitou para destacar as ações em andamento pelo Município para combater desigualdades.
“É muito simbólico realizar, pelo segundo ano seguido, um ciclo de debates sobre a requalificação e transformação de São Paulo. A pandemia tornou mais iminente a discussão de construção de um território mais inclusivo, especialmente, para os mais vulneráveis”, afirmou Azevedo.
Do mesmo modo, o secretário José Armênio (SMUL) ressaltou a importância do desenvolvimento da cidade através de instrumentos inovadores e da regulação urbanística.
“A cidade é resultado de técnicas da arquitetura e urbanismo. A partir delas, são criados diversos instrumentos transformadores, como as Operações Urbanas e os Planos de Intervenção Urbana (PIUs). A própria regulação está se modernizando, a partir da revisão do Plano Diretor Estratégico e da Lei de Zoneamento. O objetivo de todas essas ações é aproximar habitação do trabalho e garantir que todos tenham acesso às oportunidades que a cidade gera”, declarou Armênio.
O diretor administrativo e financeiro Waldir Agnello (SP Urbanismo) destacou os objetivos do seminário.
“A SP Urbanismo tem resgatado o Dia Mundial do Urbanismo para refletir sobre as mazelas de São Paulo. O nosso propósito é despertar a renovação e inovação na cidade e refletir como torná-la mais inclusiva”, comentou Agnello.
Por sua vez, o professor Francisco Starke (Belas Artes) comemorou a escolha da instituição para a abertura do evento.
“A Bela Artes se sente muito feliz e honrada por dar início, mais uma vez, à Semana Mundial do Urbanismo. O tema deste ano é bastante atual e contemporâneo”, celebrou Starke.
José Armênio, Cesar Azevedo, Francisco Starke e Waldir Agnello (da esquerda à direita). Foto: ASCOM
Palestras do dia
Palestra: Mitigação, Adaptação e o Futuro das Cidades
Expositor: Prof. Dr. Marcelo de Andrade Roméro (Centro Universitário Belas Artes)
O Prof. Dr. Marcelo de Andrade Roméro (Centro Universitário Belas Artes) comentou sobre como as mudanças climáticas podem afetar o futuro das cidades e quais ações podem ser tomadas para mitigar os danos, principalmente, no que se refere ao aquecimento global. O uso de energia renovável e os jardins de chuva foram citados.
Palestra: O planejamento estratégico e o desenvolvimento das cidades
Expositor: Prof. Dr. Miguel Bucalem (Escola Politécnica da USP)
O Prof. Dr. Miguel Bucalem (Escola Politécnica da USP) explicou como o planejamento estratégico das cidades pode contribuir para a renovação, inovação e inclusão social no ambiente urbano. Bucalem abordou como o Plano Diretor Estratégico e a Lei de Zoneamento ajudam no desenvolvimento funcional das metrópoles.
Palestra: Rios e trilhos urbanos: entre o passado e o futuro
Expositor: Arq. e Urbanista Pedro Martin Fernandes (SMUL/SP Urbanismo)
O arquiteto Pedro Martin Fernandes (SMUL/SP Urbanismo) falou sobre o uso dos rios para o desenvolvimento urbano sustentável. De acordo com ele, São Paulo é uma cidade composta por rios que podem ser utilizados para promover a mobilidade urbana (hidrovias), assim como as ferrovias.
Palestra: O Papel do Terceiro Setor na Redução das Desigualdades Sociais
Expositora: Elisa Bracher (Instituto Acaia)
Elisa Bracher, fundadora do Instituto Acaia, dissertou sobre a cultura e a lógica de construção nas comunidades de São Paulo. Bracher destacou que a importância de órgãos públicos e entidades do terceiro atuarem juntos nessas localidades.
Pedro Martin (SMUL/SP Urbanismo) palestrou no primeiro dia de evento. Foto: ASCOM
09 DE NOVEMBRO
Painel da Manhã: O Desenvolvimento Estratégico das Grandes Cidades
Mediador: Arqª Tatiana Antonelli (SP Urbanismo)
Debatedores convidados: Vladimir Ávila (SP Urbanismo) e Laisa Bocoli (SP Urbanismo)
1ª Apresentação: Desenvolvimento Orientado pelo Transporte: Estratégias, Impactos e Captura da Mais-Valia Urbana em São Paulo
Expositor: Arq. e Urbanista Luiz Antonio Cortês (Metrô)
O arquiteto e urbanista do Metrô de São Paulo Luiz Antonio Cortês trouxe questões que envolvem a estrutura de mobilidade na cidade de São Paulo. Utilizando como exemplo projetos internacionais que unificam necessidades como moradia, transporte e lazer, o palestrante falou sobre a possibilidade da implantação destas infraestruturas no território nacional.
2ª Apresentação: Sistema de planejamento municipal e as diversas escalas de intervenção no território
Expositor: Arq. e Urbanista Luís Oliveira Ramos (SP Urbanismo)
Luís Oliveira Ramos, arquiteto e urbanista da SP Urbanismo, explicou o sistema municipal de planejamento urbano, detalhando as legislações que o regem e em que escala territorial elas atuam. Ramos enfatizou a importância da participação da sociedade em todas as etapas do processo do planejamento urbano.
3ª Apresentação: Aglomeração e seu efeito sobre a economia: evidências para a cidade de São Paulo
Expositor: Dr. Rodger Campos (Universidade de São Paulo)
O Doutor em Economia Aplicada Rodger Campos (USP) falou sobre os efeitos econômicos do planejamento urbano _ ou a sua ausência. Campos analisou os perfis de trabalho e moradia em diferentes distritos de São Paulo e enfatizou como o mercado imobiliário pode alterar a paisagem urbana.
Na manhã de quinta-feira (9), o desenvolvimento das grandes cidades esteve em discussão. Foto: ASCOM
Painel da Tarde: As cidades e o enfrentamento às mudanças climáticas
Mediador: Marco Palermo (SP Urbanismo)
Debatedores convidados: Tatiana Antonelli (SP Urbanismo) e André Ramos (SP Urbanismo).
1ª Apresentação: Planejamento Urbano e a Redução de Emissões de Carbono nas Grandes Cidades
Expositora: Ms. Arq. Julia Jane (Carbonext/UNICAMP)
A arquiteta Julia Jane (Carbonext/UNICAMP) fez um panorama com referências mundiais de iniciativas para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Ela destacou a necessidade de diminuição da emissão de carbono na atmosfera e citou ações que já estão sendo tomadas no exterior. Ela destacou ainda que São Paulo é referência mundial em tratamento de aterros sanitários.
2ª Apresentação: Justiça Climática, Planejamento Urbano e Vulnerabilidade Social
Expositora: Dra. Arq. e Urbanista Elisabete França (Secretária Executiva da Secretaria Municipal de Habitação)
A arquiteta e urbanista Elisabete França, atual secretária executiva da Secretaria Municipal de Habitação, destacou a desigualdade na cidade e a urgência em atendimento à população vulnerável nas áreas de mananciais. De acordo com ela, os gestores públicos devem promover programas integrados para melhorar a vida da população, criando novas unidades habitacionais, dando acesso à mobilidade urbana e investindo em saúde e educação. Por fim, a secretária evidenciou as ações da Prefeitura, como o Programa Mananciais e a entrega de unidades habitacionais através de iniciativas como o Cantinho do Céu (mais de 10 mil famílias atendidas).
3ª Apresentação: As Formas de Ocupação Urbana e as Mudanças Climáticas
Expositora: Arq. e Urbanista Regina Monteiro (SPUrbanismo)
A arquiteta e urbanista Regina Monteiro (SP Urbanismo) complementou as duas outras palestras apresentando uma visão ampla sobre a cidade de São Paulo e como o uso do solo pode contribuir para o enfrentamento às mudanças climáticas. Em contraposição ao mapa de ilhas de calor em São Paulo, ela contou sobre o projeto de cidades-jardim, que nasceu na Europa e foi utilizado em alguns bairros na capital paulista.
Especialistas se reuniram para discutir o enfrentamento às mudanças climáticas. Foto: ASCOM
10 DE NOVEMBRO
Painel do Dia: Urbanismo Social
Mediador: Sérgio Maranhão (SP Urbanismo)
Debatedores convidados: Guilherme Del’Arco (SP Urbanismo) e Regina Monteiro (SPUrbanismo)
1ª Apresentação: Áreas de Vulnerabilidade Social – Estratégias para a Transformação de Comunidades em São Paulo
Expositora: Ms. Laryssa Kruger (Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Urbanismo Social – INSPER)
Laryssa Kruger, mestre em Planejamento Urbano pela FAU-USP, apresentou formas de transformar as comunidades de São Paulo. A palestrante apontou que, por meio de ações do setor público em parceria com a própria sociedade, é possível transformar territórios vulneráveis de acordo com as necessidades dos moradores. Kruger também deixou clara a necessidade de conquistar a confiança dos moradores desses locais com a entrega de projetos de curto, médio e longo prazo.
2ª Apresentação: A Perspectiva do Cuidado em Relação à Cidade e ao Urbanismo
Expositor: Dr. Luiz Guilherme Rivera de Castro (FAU-Mackenzie)
Luiz Guilherme Rivera de Castro, coordenador da Pós-graduação da FAU Mackenzie, falou sobre as possibilidades de transformação das cidades. Luiz Guilherme enfatizou a necessidade do cuidado na hora de planejar uma cidade e resolver seus problemas, propondo diálogo com a população e a implantação de uma abordagem inclusiva e sustentável.
3ª Apresentação: A Importância da Gestão Participativa no Urbanismo Social: Envolvimento Comunitário na Construção da Cidade.
Expositora: Arq. e Urbanista Natalie Henia Lagnado (SMUL)
Natalie Henia Lagnado, urbanista da SMUL que trabalha diretamente com o Programa de Urbanismo Social, falou sobre os benefícios de uma gestão participativa e outros pilares do urbanismo social. Ela também apresentou projetos-piloto e exemplificou como esse tipo de gestão fortalece a ideia do urbanismo social e faz com que a população entenda seu papel como agente dos seus próprios territórios.
Urbanismo Social foi o tema do painel da manhã de sexta-feira (10). Foto: ASCOM
Apresentação final: Desafios no Centro de São Paulo
Expositores: Fabrício Cobra (Secretário Municipal da Casa Civil) e César Azevedo (Presidente da SP Urbanismo)
O secretário municipal da Casa Civil e coordenador do Comitê #TodosPeloCentro, Fabricio Cobra, detalhou as ações desenvolvidas pela gestão municipal, em diferentes áreas e escalas, para o resgate do centro de São Paulo. Para isso, Cobra evidenciou a importância de uma atuação integrada do Município.
“O #TodosPeloCentro é uma soma de esforços entre poder público e a sociedade civil para a requalificação do Centro de São Paulo. Atuamos em um tripé que envolve requalificação urbana, intensificação de políticas públicas e ativações”, destacou Cobra.
Do mesmo modo, o presidente da SP Urbanismo, César Azevedo, comentou sobre as ações da Prefeitura, especialmente, as coordenadas pela SP Urbanismo, como a concessão do terraço do Edifício Martinelli, reforma da Esquina Histórica, Belvedere Roosevelt, projetos para unidades da Vila Reencontro e o concurso internacional Reinventing Cities – na edição do ano passado, São Paulo foi a única representante da América Latina.
“A cidade está reassumindo o protagonismo na agenda de política urbana na América Latina. Através de um amplo diálogo com a sociedade civil, tenho muita confiança de que vamos tornar o centro de São Paulo um lugar seguro, democrático, dinâmico e sustentável”, concluiu Azevedo.
O presidente da SP Urbanismo, Cesar Azevedo, falou sobre a requalificação do centro da cidade. Foto: ASCOM
Texto: ASCOM/SP Urbanismo