14/05/2019

Programa da Prefeitura une produtores a consumidores e fortalece a São Paulo rural

Zona rural paulistana conta com estímulo à produção orgânica e auxílio profissional por meio do programa Ligue os Pontos



Fazendas, porteiras, criação de animais, lavouras. Ao pensar em paisagens assim, você deve ter se lembrado de algum local no interior. Porém, estamos nos referindo à maior metrópole do país. A cidade de São Paulo conta com uma zona rural prevista pelo Plano Diretor Estratégico e um programa que estimula a atividade agrícola e o respeito ao meio ambiente, interligando quem produz a quem consome: o Ligue os Pontos.

Desenvolvido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), o projeto foi premiado em 2016 pela Bloomberg Philantrophies e vai divulgar em breve um levantamento completo sobre a zona rural paulistana na zona sul.

Além de interligar os produtores rurais com consumidores (como feiras de produtos orgânicos, restaurantes e escolas), o Ligue os Pontos oferece o auxílio de engenheiros agrônomos para aumentar a qualidade e a produtividade do campo.

Uma das beneficiadas pelo programa é a ex-cabeleireira Ana Rita Freitas Santos. Proprietária do Sítio Nova Esperança, no bairro de Marsilac (mais próximo de Itanhaém que do centro de São Paulo), a maranhense de Icatu resolveu deixar a vida agitada que tinha no Grajaú para, pela primeira vez, viver do trabalho no campo.

“Sempre gostei da natureza, de tranquilidade e, há seis anos, convenci meu marido (Jaime) a viver aqui. Gosto muito desse estilo de vida e estou feliz com nossa rotina”, conta a agricultora, que comparece toda quarta e sábado ao Feirão Orgânico Parati, em Moema, na zona sul.

Segundo Ana, muitos consumidores duvidam do fato de ela não utilizar nenhum agrotóxico em sua produção. “A alface, uma das queridinhas da feira, fica realmente muito grande e saborosa, o que causa espanto em muitas pessoas. A todos que duvidam, fica aqui meu convite: estão convidados a conhecer meu sítio e ver pessoalmente que nossa horta é 100% orgânica”, desafiou.

Com o auxílio do Ligue os Pontos, Ana iniciou recentemente a construção de uma estufa para não ter seus produtos tão expostos a tempestades, ventanias e outras intempéries comuns à região, localizada em meio à Mata Atlântica.

 

Merenda orgânica

De uma propriedade praticamente paralisada a fornecedor de alimentos orgânicos para a merenda escolar. Assim foi a história do agricultor Emerson Xavier, também no extremo sul da cidade. Visitado pela equipe do Ligue os Pontos em maio de 2018, os 12,5 hectares de sua propriedade estavam restritos à produção de planta ornamentais.

Os técnicos do programa identificaram boas condições para o plantio de alimentos orgânicos no sítio, desafio prontamente aceito pelo proprietário. Foi realizado então o trabalho de correção do solo. “Passei a cuidar mais da terra, usar adubo verde no solo e preservar as minhas nascentes”, contou.

Emerson contou com o Ligue os Pontos também para obter o Protocolo de Transição Ecológica, documento expedido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado que permite a venda de alimentos orgânicos em feiras estaduais e até para escolas municipais.

Atualmente, além de vender orgânicos localmente, como milho, abóbora, limão-cravo e maxixe, Xavier fornece alimentos para merenda escolar da rede municipal, principalmente alface, repolho, salsa, cebolinha e couve.

Ao identificar e conhecer melhor os agricultores da região, o objetivo do Ligue os Pontos é constituir um banco de dados da zona rural paulistana – recriada pelo Plano Diretor Estratégico (PDE) de 2014 – a fim de viabilizar a implementação de políticas públicas que fortaleçam a agricultura, a geração de renda e a preservação ambiental do município.

 

Visita internacional

Em 8 de maio, a Prefeitura de São Paulo, por meio da SMDU, promoveu uma visita de estudantes e professores dos Estados Unidos a produções orgânicas atendidas pelo Ligue os Pontos.

“A visita desses estudantes demonstra o reconhecimento internacional obtido pelo Projeto Ligue os Pontos, iniciativa do Município que busca promover o desenvolvimento sustentável do território rural e aprimorar suas relações com o meio urbano”, afirmou José Amaral Wagner Neto, secretário-adjunto da SMDU.

Oriundos dos cursos de Agronomia e Veterinária da University of Minnesota Crookston, os acadêmicos puderam conhecer duas propriedades do extremo sul de São Paulo: o Sítio Campo Verde, da agricultora Cleide Duarte da Costa, e o Sítio Primavera, de Maria de Lourdes e a sua filha Regiane Bispo.

Produtora de hortaliças orgânicas, Regiane valorizou bastante o encontro, sobretudo, pelo mútuo aprendizado:

“Gostei muito. Foi interessante a troca de experiência, saber quais são as espécies comuns aos dois países e também as diferentes. Achei os estudantes muito dedicados, faziam anotações e prestavam muita atenção”, disse Regiane.

Seguindo a linha do conhecimento, a agricultura Cleide, que fornece alimentos orgânicos para merenda escolar – como alface e repolho –, resumiu a sua atuação na visita e disse que um produto seu, de origens internacionais, chamou a atenção:

“Falei um pouco da minha produção, o tipo de material que uso no solo e da minha plantação de mirtilo (blueberry). Eles se interessaram bastante”, comentou Cleide.

A agricultura orgânica, marcada pela não utilização de produtos químicos prejudiciais para a saúde e meio ambiente, como fertilizantes e agrotóxicos, precisa de muito empenho do agricultor. Esforço que, de acordo com Regiane, é premiado por momentos como os de ontem:

“Isso mostra que estamos no caminho certo. O mundo todo está olhando para o orgânico, querendo saber mais. Nos dá força para continuar nesse trabalho que não é muito fácil”, concluiu.

 

Ligue os Pontos

O projeto Ligue os Pontos foi o vencedor do concurso “Mayors Challenge 2016” (Desafio dos Prefeitos), promovido pela Bloomberg Philantropies para a América Latina e Caribe. Tem como principal objetivo conectar os produtores de alimentos da agricultura familiar na Zona Sul de São Paulo aos potenciais consumidores, evitando que essas áreas cultiváveis sejam tomadas pela urbanização informal e coloquem em risco o meio ambiente e a segurança hídrica da cidade.

Coordenado pela SMDU, o projeto é estruturado por meio da contribuição e apoio das secretarias municipais das Subprefeituras, Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Verde e Meio Ambiente, Saúde, Cultura, Educação, Governo Municipal, Inovação e Tecnologia e Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), e também do diálogo constante com outros agentes atuantes na Zona Rural.

Saiba mais sobre o programa: https://ligueospontos.prefeitura.sp.gov.br/.

 

Imagens para download:

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Texto e Fotos: Secretaria Especial de Comunicação




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