04/06/2020

Prefeitura realiza estudo inédito sobre os produtores rurais de São Paulo

Majoritariamente com Ensino Fundamental completo, agricultores rurais enxergam um futuro onde a próxima geração tenha melhores condições de produção com o fortalecimento das atividades agrícolas. Dados foram viabilizados pelo Projeto Ligue os Pontos e vão orientar o planejamento de uma série de políticas públicas à região



Você sabe quem são e onde estão os produtores rurais da cidade de São Paulo? A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), acaba de publicar um amplo estudo sobre os agricultores da zona rural Sul de São Paulo e as unidades produtivas onde trabalham. O objetivo é orientar o planejamento de políticas públicas que fortaleçam a agricultura, a geração de renda e a preservação ambiental da cidade.  Clique aqui para acessar o estudo

Trata-se de mais uma edição do “Informe Urbano”, série de publicações da Secretaria que analisa diversos temas de interesse ao município. A base de dados utilizada, desta vez, é o Cadastro das Unidades de Produção Agropecuária da zona rural Sul da cidade de São Paulo, levantamento inédito na capital paulista realizado no primeiro semestre de 2019 pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – Cebrap. A instituição foi contratada pelo Ligue os Pontos, projeto que busca fortalecer a agricultura na zona sul da cidade para frear a expansão urbana desordenada e proteger áreas ambientais. 

Ao todo foram cadastradas 428 unidades de produção agrícola da zona rural Sul, sendo 171 no distrito de Parelheiros, 169 em Grajaú e 88 em Marsilac.  

Entre os principais resultados do cadastro, pode-se destacar que o agricultor da zona rural Sul é majoritariamente masculino (70%), casado (70%), com idade entre 35 e 59 anos (55%), reside com a família e possui apenas o Ensino Fundamental (45%) como grau de instrução.  

Trabalham, em sua maioria (80%), em propriedades de pequeno porte, com até 20 hectares. Até por isso, a agricultura de tipo familiar, com emprego de mão-de-obra não remunerada, possui forte presença local. A informalidade, exemplificada pela ausência de CNPJ e demais documentações em cerca de três quartos do total das unidades produtivas, dificulta possíveis processos de mudança nas formas de produção, que poderiam resultar em investimentos e acesso a crédito aos produtores rurais. 

As menores propriedades estão localizadas próximas às áreas urbanizadas e ao longo dos braços da represa Billings, o que sugere o efeito da pressão urbana por loteamentos nessa porção do território da subprefeitura Capela do Socorro, levando à fragmentação das glebas maiores . Já as propriedades de maior extensão estão localizadas em áreas mais afastadas dos núcleos urbanos, especialmente na região de Parelheiros e na bacia da Guarapiranga. 

Os dados levantados também apontam para uma baixa comercialização da produção, que é bastante diversa, mas especialmente voltada ao cultivo de espécies anuais, como folhosas (alface, couve, repolho) e leguminosas (feijão, soja, grão-de-bico), e de plantas ornamentais para o mercado de paisagismo e como produto de época (árvore de natal). Apenas um quarto do total da produção é comercializada! Entre os quase 62% dos agricultores que afirmaram comercializar sua produção ou parte dela, 47% declararam ainda ter rendimento mensal inferior a mil reais. Tal situação faz com que 41% do total dos produtores exerçam outra atividade fora da propriedade para complemento de renda. 

Merece atenção ainda a baixa adesão (20%) dos agricultores a qualquer forma de cooperativismo ou associativismo – com exceção dos produtores orgânicos ou em transição agroecológica. Essa falta de organização em grupos muito dificulta a adoção de soluções coletivas para os inúmeros problemas hoje existentes na atividade agrícola da região. 

Por fim, apesar de se constatar problemas e desafios a serem enfrentados, 60% dos produtores enxergam um futuro onde a geração mais nova assuma as responsabilidades pela gestão da propriedade rural e onde as condições de vida possam ser alteradas para melhor.

 

Projeto Ligue os Pontos 

Os resultados mostram, portanto, a necessidade de consolidação de uma série de políticas públicas para a zona rural Sul, que além de importante produção agrícola, abriga áreas de proteção ambiental, terras indígenas e mananciais – esses responsáveis por ⅓ do abastecimento de água do município.  

Neste sentido, surge o Projeto Ligue os Pontos, da Prefeitura de São Paulo, com coordenação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), e premiado pelo Mayors Challenge da Bloomberg Philanthropies.  

A partir do uso da tecnologia como ferramenta de integração e da coordenação de iniciativas existentes e informações da região, seu objetivo é estimular uma economia verde consistente, evitando que as áreas cultiváveis sejam tomadas pela urbanização informal e coloquem em risco a segurança hídrica e ambiental da cidade. 

Com atuação em três frentes (fortalecimento da agricultura, articulação da cadeia de valor e coleta de dados e evidências), a ideia é tornar a produção de alimentos no extremo sul da cidade uma atividade mais rentável e, assim, encorajar os agricultores a permanecer em suas terras e até mesmo expandir sua produção. 

Saiba mais sobre o Projeto Ligue os Pontos: https://ligueospontos.prefeitura.sp.gov.br/ 




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Comentários

  1. Gilmar José dos Santos em disse:

    Este um projeto de grande importância que dá mais viabilidade para que as famílias possam tirar seus sustento da terra, cuidar dá natureza não tenha e não precisa migrar pra grandes cidades e que resultaria num desequilíbrio rural, e prejuízo econômico a todos.

  2. edvina maria gomes em disse:

    bom dia

    gostaria de saber se o projeo nao tem uma venda comunitaria onde poderiamos comprar os produtos produzidos.

    • Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano em disse:

      Bom dia, Edvina. A plataforma Sampa+Rural será lançada em breve e terá o objetivo de conectar os produtores com consumidores potenciais e também com fornecedores de insumos. A página irá reunir informações de quem produz e de quem comercializa (feiras, CSA – Comunidade que Sustenta a Agricultura, comércios parceiros de orgânicos, comércios parceiros da produção local, restaurantes etc.), facilitando a conexão entre eles e novos negócios. Além disso, a Sampa+Rural trará outras informações para o público em geral, como os locais turísticos da zona rural da cidade, onde comprar produtos locais, iniciativas da sociedade civil que trabalham com a agricultura e políticas públicas ligadas a esse território. Fique atenta aos nossos canais de comunicação!