29/03/2019

Prefeitura vai conceder terraço do Edifício Martinelli para implantação de observatório

Programa de curadoria, loja e restaurante também serão implementados. Objetivo é contribuir para o desenvolvimento turístico e requalificação urbana da região central



A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) e a SP Urbanismo, vai conceder o terraço do Edifício Martinelli à iniciativa privada para implantação e manutenção de um observatório. Iniciativa contribuirá para o desenvolvimento turístico e a requalificação urbana da região central.

Serão concedidos os andares 25, 26 e 27 do prédio, bem como a loja 11 (térreo), localizada na Avenida São João. Além do observatório, o vencedor do edital deverá manter um programa de curadoria com espaços expositivos, painéis interativos e acervos relacionados à história do edifício e da cidade, e promover apresentações culturais. Também serão inaugurados loja, restaurante e um café para oferecer aos usuários desde refeições rápidas até um almoço/jantar mais completo e sofisticado.

Os visitantes também desfrutarão de um núcleo de recepção, com venda de ingressos e centro de informações turísticas. No antigo serviço, as pessoas aguardavam no próprio calçadão, visto que não existe uma área para esse fim, tampouco bilheteria. Na acessibilidade, ao menos um novo elevador, exclusivo para visita, será ofertado à população. E, por fim, a visitação se tornará mais completa, afinal será possível conhecer os espaços cobertos existentes, incluindo o palacete do Comendador Martinelli.

O próprio serviço de visitação será ampliado, funcionando ininterruptamente, todos os dias da semana, em um horário contínuo mínimo de dez horas por dia. Anteriormente, o espaço era aberto somente de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h e das 14h30 às 16h, e de sábado, das 9h às 13h.

O aumento do período de funcionamento consolidará o local como destino turístico e contribuirá para a geração de movimento de pessoas para o entorno do edifício e na região do triângulo histórico, sobretudo, à noite e aos finais de semana, quando a maioria dos estabelecimentos, escritórios e repartições públicas estão fechados, melhorando as condições de segurança e gerando desenvolvimento econômico.

A implantação do futuro Observatório Martinelli tem como referências o Terraço Itália e o Farol Santander, ambos em São Paulo, além do Empire State Building (Nova Iorque) e A’DAM Lookout (Amsterdam).

 

Edital

Até o final da próxima semana, o chamamento público estará disponibilizado para consulta pública no site Gestão Urbana. Serão 30 dias corridos para consulta e contribuições ao edital de concessão. Após esse período, o edital de concessão será publicado com as contribuições propostas. E, em seguida, nos prazos definidos pela legislação, as propostas para a concessão serão recebidas, avaliadas e comparadas, em datas previamente oficializadas, por meio de uma Comissão de Avaliação, que contará com a participação de representantes da Administração Pública. 

A concessão é uma alternativa para que a administração pública possa empreender uma iniciativa de grande interesse público e impactos turístico, econômico e urbanístico, sem o dispêndio de recursos. Poderão participar do chamamento pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, individualmente ou em consórcio, que preencham os requisitos de participação previstos no Chamamento Público. A Prefeitura prevê investimento aproximado de R$ 3 milhões em infraestrutura nova que ficará incorporada ao imóvel. No entanto, esses valores serão definidos após minuta do edital de concorrência.

 

Dados sobre o terraço

A cobertura do Edifício Martinelli possui um terraço do qual se tem uma visão panorâmica da cidade de São Paulo em 360°. O espaço possibilita uma impactante visão da região central, com vistas para Catedral e Praça da Sé, Pátio do Colégio, Largo e Mosteiro de São Bento, Vale do Anhangabaú, Teatro Municipal, Edifício dos Correios, viadutos do Chá e Santa Ifigênia, Edifício Matarazzo (Sede da Prefeitura de São Paulo), eixos das avenidas São João e Prestes Maia e o Parque D. Pedro II. Ainda é possível visualizar, em escala metropolitana, o espigão da Avenida Paulista, a Serra da Cantareira e as regiões do Brás e da Mooca.

O terraço, aberto à visitação pública entre 2010 e 2016, já recebeu cerca de 260.000 pessoas, tendo uma média mensal de 7.000 visitantes. Apenas em 2016 foram 85 mil visitantes espontâneos. Além do interesse histórico e turístico, o Edifício também é foco de interesse de produtores para realização de eventos diversos, como festas, filmagens, fotos e comerciais. Entre 2015 e 2017 foram realizadas 33 locações do espaço para essas atividades.

 

Conheça a história do Edifício Martinelli

O Edifício Martinelli é um dos primeiros arranha-céus do Brasil e da América Latina. Localizado no centro de São Paulo, entre as ruas São Bento e Libero Badaró e a Av. São João, o prédio foi idealizado pelo comerciante italiano Giuseppe Martinelli e projetado pelo arquiteto húngaro Vilmos (William) Fillinger.

Sua construção foi iniciada em 1924 e se arrastou por dez anos, sendo parcialmente inaugurado em 1929, com apenas 12 andares. Devido à disputa pelo título de maior arranha-céu do Brasil com o Edifício “A Noite”, também em obras no Rio de Janeiro, o comerciante Martinelli foi acrescentando novos andares até se convencer de que havia vencido a disputa, alcançando 30 andares e 105 metros de altura. Mais de 600 operários e 90 artesãos trabalharam nas obras.

A obra gerou polêmica, visto que apesar de reverenciada como um símbolo do progresso econômico e tecnológico da mais nova metrópole, foi criticada por seu porte e contraste em relação ao tecido urbano baixo predominante na cidade. Além disso, houve desconfiança de parte da população por conta da segurança do empreendimento. Para se contrapor a isso, o Comendador Martinelli construiu um palacete na cobertura do edifício para abrigar a residência de sua própria família.

O rico e luxuoso edifício atraiu inquilinos ilustres, como o Hotel São Bento e o Cine Rosário, além de restaurantes, clubes, partidos políticos, veículos de imprensa e boates. A partir da década de 60, o empreendimento entrou em uma fase de degradação extrema, com precarização das habitações, ocupações por templos e prostíbulos, colapso dos elevadores, acúmulo de lixo nos poços e ocorrência de diversos crimes.

O edifício foi desapropriado e completamente remodelado entre 1975 e 1979 para abrigar órgãos municipais e lojas no piso térreo. Atualmente o edifício é sede das secretarias municipais de Desenvolvimento Urbano (SMDU), Licenciamento (SEL), Habitação (SEHAB) e Subprefeituras (SMSUB), da Companhia Metropolitana de Habitação (COHAB) e da São Paulo Urbanismo, proprietária de alguns andares do prédio, incluindo a cobertura. Atualmente, cerca 80% do prédio pertence a Prefeitura de São Paulo e o restante é privado.

A partir da década de 80, com a regulamentação pelos órgãos de preservação do patrimônio histórico (CONPRESP e CONDEPHAAT) das diretrizes de preservação de áreas envoltórias de imóveis e espaços públicos próximos, o Edifício Martinelli teve sua volumetria e fachadas tombadas.

Em 2008, a cobertura do edifício foi restaurada e o terraço foi aberto à visitação pública em 2010, permanecendo assim até o início de 2017, quando foi fechado para receber melhorias.

 




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