30/08/2019

Prefeitura vai reformar os calçadões do centro da cidade

Projeto prevê a requalificação dos 68 mil m² de calçadas do centro histórico e a recuperação dos passeios próximos à Praça da República. Objetivo é recuperar a região e fortalecer seu potencial turístico



A requalificação dos calçadões não será apenas uma obra de construção de um novo piso. Mais do que isso, ela prevê reparos em toda a infraestrutura da região central, especialmente na drenagem e implantação de canaletas técnicas para redes de telecomunicações. Também serão promovidas melhorias quanto ao mobiliário urbano, iluminação pública e sinalização turística e ambiental.

A ação, que obedece a diretrizes e critérios determinados pela legislação vigente e pelos órgãos de tombamento, bem como atende a todas as normas de acessibilidade universal, está dividida em duas etapas: centro histórico (região da Praça da Sé) e o denominado Centro Novo (região da Praça da República).

Um amplo plano prevê a requalificação de todos os 68 mil m² de calçadões do centro histórico da cidade, abrangendo ruas como a São Bento, Alvares Penteado e Quinze de Novembro, que conectam edifícios icônicos, como o Martinelli, o Farol Santander, Pátio do Colégio, Mosteiro de São Bento, Teatro Municipal e Catedral da Sé, com grande circulação e permanência de pedestres.

Levando-se em conta as fontes de recurso, o programa está dividido em duas fases. A primeira possui anteprojeto urbanístico e está sendo finalizado o Termo de Referência e Edital para contratação do projeto executivo, havendo possibilidade desse ser recebido em doação. O custo estimado pelo Município para a intervenção, a ser disponibilizado através do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB), é de aproximadamente 54 milhões de reais. O Fundo, coordenado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), estabelece que 30% de seus recursos sejam destinados à aquisição de áreas para produção de habitação de interesse social, 30% para mobilidade e os 40% restantes para qualquer ação direcionada ao desenvolvimento urbano. A previsão é que as obras sejam concluídas até o final de 2020. Antes de começá-las, porém, a Prefeitura vai apresentar os projetos aos comerciantes da região.

“O objetivo é dar sentido urbanístico para o centro, buscando trazer, sobretudo, habitação para a região. Lembrando que a requalificação desse trecho da cidade está dentro de um projeto maior, que é o de requalificar a área central como um todo. E embora a Prefeitura tenha diversas ações em andamento no centro, os bairros periféricos concentram investimentos e obras estratégicas e de alcance local, como drenagem e canalização, reformas de escolas, UBSs,  pavimentação, implantação de praças, parques e ciclovias, moradia popular, obras de melhorias em calçadas e retomada das obras dos CEUs”, afirma o Secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando Chucre.

A reforma dos calçadões do Centro Velho de São Paulo é parte integrante do Triângulo SP. Trata-se de um projeto, atuante em um perímetro delimitado pelas ruas Líbero Badaró, Benjamim Constant e Boa Vista, que almeja a revalorização dessa região, buscando configurá-la como produto turístico de nível internacional, por meio de ações intersetoriais articuladas pelo poder público municipal, em parceria com outros entes institucionais públicos e privados.

“Queremos transformar o Triângulo SP em um polo turístico, essa região é o coração da cidade de São Paulo. A Secretaria vem realizando ações que incentivam a ocupação, por meio de eventos diversos, em sua maioria no período noturno e aos finais de semana. Estamos reativando o local e este é um trabalho feito em conjunto com vários órgãos. Podemos citar os serviços de melhoria na iluminação, na coleta de lixo e também na segurança com a implantação de câmeras de vigilância que já estão em funcionamento 24h”, comenta o Secretário de Turismo, Orlando Faria.

Por sua vez, o Centro Novo contempla o perímetro de calçadas da Avenida Ipiranga, Rua Sete de Abril, Rua Conselheiro Crispiniano e Avenida São João. Para a execução das obras, o Município utilizará recursos do Governo Federal, por meio do Ministério do Turismo. O investimento previsto é de R$33,6 mi, sendo R$ 28 mi da União e o restante do Município (FUNDURB). Os projetos básico e executivo serão contratados no segundo semestre deste ano. A previsão é que as obras sejam iniciadas no segundo semestre de 2020.

Além dos perímetros Triângulo SP e Centro Novo, a Prefeitura de São Paulo está buscando captar recursos para requalificação dos calçadões do entorno do Mercadão, importante polo de abastecimento, turismo e gastronomia, integrado ao sistema de espaços públicos livres da cidade.

 

Por que requalificar os calçadões da cidade?

As pedras portuguesas, tão comuns no centro de São Paulo, apresentam sérios problemas relativos à acessibilidade, são custosas e de difícil manutenção. Além disso, esse tipo de piso é instalado sobre camada de farofa de areia e cimento, o que torna inadequado sua utilização em locais onde há passagem de veículos pesados, tais como carros-fortes, bombeiros e ambulâncias que, ao circular, comprometem ainda mais sua integridade e resistência.

Por esses locais passam um grande número de pessoas todos os dias. Estudos de 2017 e 2019 da SP-Urbanismo, empresa pública de planejamento urbano vinculada à SMDU, mostram um grande fluxo de pedestres em horários de pico, chegando a 6.642 pessoas por hora.

A atual situação dos calçadões, somada a grande circulação de pessoas, é propícia para acidentes. De acordo com um relatório de 2003 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ocorrem 5.400 quedas em calçadões da cidade por ano, gerando um gasto estimado de R$ 30 milhões anuais com cuidados médicos.

As novas calçadas serão feitas de concreto armado moldado in loco, que é lançado diretamente no local de aplicação, podendo ser preparado previamente em usina ou na área em obras com auxílio de uma betoneira. Trata-se de um piso com melhor nivelamento, mais acessível, sobretudo para cadeirantes, e com mais resistência à passagem de veículos. O piso foi considerado o ideal para requalificação do centro após a realização de um projeto-piloto de pavimento na Rua Doutor Miguel Couto.

Além disso, uma vasta rede subterrânea de comunicações, dados, energia elétrica, gás, água, esgotos e drenagem, pertencente a mais de 25 empresas concessionárias ou permissionárias, ocupa completamente o subsolo dos calçadões, impactando fortemente no pavimento através das tampas de acesso ou abertura de valas para novas redes.

Nesse sentido, o projeto prevê todo um reordenamento das redes subterrâneas. Novas valas truncais receberão as redes de todas as empresas de telecomunicações que compartilharão caixas de passagem e acesso aos consumidores, reduzindo em muito o impacto na superfície.

 

Requalificação do Centro

A reforma dos calçadões faz parte de um amplo processo de requalificação da região central, que envolve diversas outras ações em andamento, desde amplos processos de transformação até projetos específicos, abordando temas como habitação de interesse social, mobilidade, saúde e lazer.

O Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Setor Central, por exemplo, prevê o atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, a requalificação de 93,8 km do sistema viário existente e a criação de 113,4 km de Caminhos Verdes. O objetivo é atrair até 220 mil novos moradores para a região. O Plano encontra-se em discussão pública.

Também será debatido através de um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) o Parque Minhocão. Anunciado em fevereiro deste ano, a ação está dividida em três etapas: implantação de obras de acessibilidade, segurança e parque linear. Em maio de 2019 a Prefeitura iniciou processo participativo, lançando a primeira consulta pública online para receber comentários da população.

O Parque Augusta será mais uma opção de lazer para a sociedade civil. No início de abril, a Prefeitura assinou a escritura de recebimento por doação do terreno, que possui aproximadamente 24.000 m² de vegetação significativa e valores históricos. A sua implantação prevê espaços como redário, caminhos e passeios, playground inclusivo, cachorródromo, equipamentos de ginástica, sede administrativa, banheiros e outros.

Iniciada no início deste mês, a reforma do Vale do Anhangabaú traz ao local cafés, floriculturas, sanitários e equipamentos para atendimento social. Conexões com meios de transportes públicos, espaços culturais e edifícios de escritório ao seu redor também serão melhorados. As obras serão concluídas em junho de 2020.

Doado à Prefeitura pela comunidade francesa do Brasil e desenvolvida pelo escritório de arquitetura Triptyque, a revitalização do Largo do Arouche estabelece ações voltadas à reabilitação paisagística, reforma e ampliação dos passeios, implantação de mobiliário e equipamentos em área de 17 mil m².

A Prefeitura também pretende conceder o terraço do Edifício Martinelli à iniciativa privada para implantação de um observatório, acompanhado de um programa de curadoria, loja e restaurante. O objetivo é consolidar o local como destino turístico e contribuir para a geração de movimento de pessoas para o entorno do edifício e na região do triângulo histórico, melhorando as condições de segurança e gerando desenvolvimento econômico.

Somam-se a essas ações o novo Hospital Pérola Byington, proposto para a região dos Campos Elíseos; a parceria da Prefeitura com a PPP da Habitação do Estado, com a cessão e desapropriação de áreas para a construção de unidades de habitação popular; e os edifícios que abrigavam o antigo cinema Art Palácio e o Cine Marrocos, ambos desapropriados pela Prefeitura e com possibilidade de reconversão para moradia.

 

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