07/11/2019

Prefeitura quer incentivar o turismo rural no extremo sul da cidade

Programa de visitação de escolas a propriedades rurais e áreas verdes, além de cursos de capacitação para agentes de turismo, estão em planejamento pelo Município, sob coordenação do Projeto Ligue os Pontos



Você já ouviu falar em turismo de base comunitária? Basicamente, trata-se de um modo diferenciado de fazer Turismo, desenvolvido pelos próprios moradores de um lugar. A ideia desse conceito é promover um turismo mais justo, que torne protagonista a produção local, e que considere a sustentabilidade social e ambiental das atividades.

A ideia ganhou vida em São Paulo, mais precisamente em seu extremo sul – onde estão situados os distritos de Parelheiros, Marsilac e Grajaú –, com a sanção de uma lei de 2014 que criou o Polo Ecoturismo de São Paulo. Com ela, as atividades do ramo passaram a ser normatizadas e a área começou a ser alvo de incentivos e benefícios fiscais, a fim de estimular o seu desenvolvimento econômico e social.

A zona rural sul do município possui 420 km² de área, o equivalente a 24% do total da cidade. A composição de seu território é heterogênea, compreendendo desde aldeias indígenas, propriedades rurais, bacias hidrográficas, parques naturais e trechos preservados de Mata Atlântica, passando por templos religiosos, pousadas, restaurantes, alambiques e até uma cratera formada pela queda de um meteorito. “A região recebe por ano 600 mil visitas”, afirma Roberto Carlos da Silva, Diretor de Desenvolvimento Econômico da AMTECI (Associação Empresarial do Polo de Ecoturismo de São Paulo).

Dentro do turismo comunitário praticado na zona sul da cidade, uma atividade ganha cada vez mais destaque: o turismo rural. Um fato até de certa forma esperado, uma vez que há 427 unidades de produção agrícola no local, segundo o cadastro realizado pelo Município, através do Projeto Ligue os Pontos, e divulgado em agosto deste ano em encontros regionais.

Atendido pelo Projeto Ligue os Pontos, o produtor orgânico Eduardo dos Santos Faria recebe há dois anos diversos grupos em sua propriedade. “Mostro o meu sítio, as atividades de colheita e plantio, e ofereço café na roça, como o nosso pão caseiro, leite, suco e bolo”, explica. “Objetivo é melhorar a estrutura para receber mais pessoas”, completa Eduardo.

Em setembro, ele e o agricultor Juarez, também de Parelheiros, receberam a visita de cerca de 100 alunos de escolas públicas municipais, que puderam conhecer as plantações e colheitas orgânicas, além de almoçar nos locais. Por fim, ainda deu tempo dos estudantes visitar o Parque Natural Municipal Itaim. Confira aqui como foi esse encontro.

É justamente essa prática de turismo rural que o Projeto Ligue os Pontos, coordenado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) e vencedor do prêmio Mayors Challenge 2016, da Bloomberg Philanthropies, deseja incentivar. Para isso, o Projeto, em parceria com as secretarias municipais da Educação (SME) e Verde e Meio Ambiente (SMVA), está construindo uma nova iniciativa.

“Estamos estruturando um programa que possibilite a visita de mais escolas às propriedades rurais e às áreas verdes da zona rural sul de São Paulo. O objetivo é auxiliar alunos e professores a visualizar de forma prática os assuntos discutidos em sala de aula relacionados à alimentação saudável, obter conhecimento técnico sobre o plantio orgânico para aplicá-lo nas hortas das escolas e também para conhecer a extensa área rural do município”, afirma José Amaral Wagner Neto, coordenador do Ligue os Pontos e secretário adjunto da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.

Outra atividade planejada pelo Município para fomentação do turismo rural é a capacitação de agentes de turismo, a fim de acompanhar a visita de interessados a propriedades da zona sul rural.

Atuante há 38 anos na região de Parelheiros, com foco no “fortalecimento da educação e de uma cultura de direitos humanos, de cidadania participativa e solidária”, o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC) é uma das entidades que apoiam o turismo rural no extremo sul.

“Escolhemos Parelheiros porque é uma região de extrema importância para a cidade, sobretudo, ambiental. Possui trechos de Mata Atlântica, fornece um terço das águas usadas na pela Região Metropolitana de São Paulo e onde mora um grande número de agricultores orgânicos”, comenta Vera Lion, Coordenadora do Instituto.

Com apoio de outros parceiros, desenvolvem há dois anos o projeto Acolhendo em Parelheiros, que traz uma série de benefícios, tanto para quem realiza a visita, quanto para o agricultor que abre a sua propriedade. Por exemplo, o produtor rural pode complementar a sua renda, ajudando a enfrentar a situação evidenciada pelo cadastro do Munícipio de que mais da metade deles recebem menos que um salário mínimo. Para o turista, trata-se de uma oportunidade para vivenciar os cuidados com a terra, provar alimentos orgânicos e observar diferentes costumes. “O objetivo é fortalecer os agricultores e trazer novos para o turismo”, destaca Vera.

A atividade possui interlocução com o AMARAS, outro programa desenvolvido pelo Instituto. São cozinheiras de Parelheiros, pactuadas com os temas alimentação saudável e geração saudável, que produzem alimentos orgânicos desde 2017. Parte delas acompanham as visitas para cozinhar aos turistas alimentos nativos da Mata Atlântica, como banana da terra, taioba, açaí, palmito jussara e cambuci. Clique aqui e saiba mais.

Facilitar o acesso das pessoas às propriedades rurais é uma forma de estimular o turismo rural. Neste sentido, em 2017 a Agência de Ecoturismo Toca da Onça instituiu na região passeios de Jardineira, um veículo especial que permite vislumbrar a paisagem com suas janelas panorâmicas. “A Jardineira passa por cachoeiras, fazendas, aldeias indígenas, templos religiosos, restaurantes e alambiques”, comenta Roberto Carlos, que também é Diretor Executivo da Agência. Clique aqui e saiba mais.

 

Projeto Ligue os Pontos

O Projeto Ligue os Pontos, vencedor do prêmio “Mayors Challenge 2016” (Desafio dos Prefeitos), promovido pela Bloomberg Philantropies para cidades da América Latina e Caribe, busca contribuir para o desenvolvimento local da zona rural sul paulistana, colaborando para a proteção da área de mananciais e fortalecendo a cadeia de valor da agricultura e da alimentação. O projeto, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano, busca mobilizar informações e soluções, facilitando a articulação e integração entre agentes, políticas públicas, cidadãos e oportunidades emergentes.

Acesse aqui o site do Projeto




Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *



Comentários

  1. Gilvanira Alves Teles em disse:

    Muito bacana, eu fiz curso de turismo rural, monitoria e turismo pedagógico, pelo Sindicato de produtores rurais. Fico feliz com isso.